Reunidas no Plenário da Assembleia Legislativa de Alagoas na tarde desta segunda-feira (28), dezenas de mulheres de várias partes de Alagoas e do país, advogadas, parlamentares, juristas, representantes da sociedade civil organizada e movimentos ligados aos direitos femininos discutiram, em audiência pública proposta pela deputada Jó Pereira, o tema “Paridade de verdade: Representatividade das mulheres nos espaços de poder e equidade racial”.
Ao final do encontro, Jó Pereira anunciou que será enviado ao Congresso Nacional, como resultado da audiência, uma Moção de Apoio e Urgência para pautar a discussão acerca da alteração do Estatuto da Advocacia, incluindo paridade de gênero e equidade racial nas discussões envolvendo o processo eleitoral na Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) e a lista sêxtupla para o Quinto Constitucional.
“Muito do que ouvimos aqui hoje serviu para que percebêssemos ainda mais a importância de termos mulheres nos espaços de decisão. Essas ausências têm feito com que convivamos com um mundo onde apenas homens desenham e executam políticas públicas de estado, e não estou com isso dizendo que eles estão errados, mas sim que vivemos com uma representatividade incompleta e precisamos equilibrar isso”, analisou a parlamentar.
“Somos muitas, diversas, irmanadas pela mesma representatividade e temos que ter uma voz cada vez mais alta para quebrar o silêncio de muitas e muitas décadas. Precisamos conquistar ainda muitas coisas, entre elas estar nos espaços de decisão, sentar à mesa, porque nós já pagamos a conta”, afirmou Jó na abertura da audiência.
A parlamentar prosseguiu dizendo que “hoje celebro nossas conquistas, mas também digo que é necessário apressar o passo, acelerar o relógio dessas conquistas, pois a humanidade não suporta mais tanto desequilíbrio e tanta falta de equidade. A temática dessa audiência começa a ser exposta quando, nessa mesa de honra, ainda que só de mulheres, a representatividade do povo preto ainda é minoritária”.
“A desigualdade de gênero e a desigualdade racial, perversas, são essencialmente uma questão de poder. Precisamos inverter a lógica dessa relação de poder e só vamos conseguir isso ocupando esses espaços, com paridade de verdade”, acrescentou, lembrando que “toda a oportunidade que nós, mulheres, tivermos de fazer história, temos que nos agarrar a ela”.
Jó Pereira, que também é advogada, disse se sentir confortável em capitanear uma audiência sobre a paridade em sua casa profissional, porque a OAB sempre foi e sempre será uma instituição de vanguarda.
E lembrou, por fim, que a pandemia pegou as mulheres de frente, atingindo conquistas que chegaram a retroceder 30 anos: “Fomos nós que ficamos cuidando das crianças em casa porque não tinha escola. Fomos nós que cuidamos de quem adoeceu e 70% dos profissionais de saúde que enfrentaram a pandemia foram mulheres. Isso é muito significativo e deixa claro que quando faltam políticas públicas de educação, de saúde, de assistência e de desenvolvimento social, de infraestrutura, somos nós, mulheres, as principais órfãs”.
Assessoria