
Os integrantes da Comissão Parlamentar Mista de Inquérito do 8 de Janeiro decidem esta semana quem serão os primeiros convocados e convidados para depor sobre os atos registrados no início do ano, que culminaram com a invasão e depredação dos prédios da Praça dos Três Poderes, em Brasília.
Os deputados e senadores governistas querem chamar pessoas ligadas ao ex-presidente Bolsonaro e, naturalmente, os parlamentares da oposição querem convocar ministros e autoridades ligadas ao presidente Lula. Oficialmente, o objetivo da CPI Mista do Congresso Nacional é apurar eventuais responsáveis por falhas no sistema de segurança, que podem ter contribuído para que as cenas de vandalismo acontecessem.
Os principais “alvos” de pedidos de depoimentos são o ex-ministro da Justiça do governo passado, Anderson Torres, e o ex-ministro do GSI (Gabinete de Segurança Institucional) do atual governo, general Gonçalves Dias. Há também vários pedidos para a convocação do atual ministro da Justiça e Segurança Pública, Flávio Dino, e do tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Bolsonaro.
O trabalho promete ser marcado por embates. Para o cientista político André Rosa, professor de ciência política na UDF, é impossível no atual momento saber quem vencerá a queda de braço. Ele entende que o embate promovido pelo assunto pode causar danos políticos para ambos os lados.
Principais alvos
Os principais alvos de pedidos são o ex-ministro da Justiça do governo passado, Anderson Torres, e o ex-ministro do GSI (Gabinete de Segurança Institucional) do atual governo, general Gonçalves Dias. Até agora já são 17 pedidos de convocação para Torres, e 14 requerimentos de convocação de G. Dias. Ambos sofrem a mesma acusação: terem colaborado ou negligenciado com a segurança, no cumprimento de suas funções, para que os atos de vandalismo acontecessem.
Embora estivesse viajando aos Estados Unidos no dia 8 de janeiro, Torres era havia sido nomeado secretário de Segurança Pública do governo do Distrito Federal pelo atual governador, Ibaneis Rocha (MDB-DF). Por outro lado, o ex-ministro do GSI do atual governo apareceu em filmagens do circuito interno do Palácio do Planalto praticamente confraternizando com alguns invasores que depredaram o prédio. Depois de o material ser veiculado na mídia, o general pediu demissão.
Além de Torres e G. Dias, um dos alvos preferenciais dos congressistas é o atual ministro da Justiça e Segurança Pública, Flávio Dino, que deve ser um dos principais alvos da oposição (Ele tem 10 pedidos de convocação à CPMI). O movimento dos oposicionistas para criar uma CPI, inclusive, partiu de um arsenal de críticas e acusações contra o ministro, acusado de ter sido alertado previamente dos ataques, por órgãos da Segurança Pública, e não ter agido para impedi-los.
Outro que também foi muito solicitado que compareça ao colegiado é o tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Bolsonaro, que está preso desde 3 de maio passado. Para que seja convocado, os parlamentares apresentaram 12 requerimentos. Cid foi preso, depois de ter sido alvo de operação da PF (Polícia Federal) que investiga a inserção de dados falsos em cartões de vacinas.
Brasil 61