Das perspectivas de jovens das grotas de Maceió para o mundo todo. É esse o trajeto que o filme Visão das Grotas passa a percorrer a partir desta quarta-feira (29). O documentário, que aborda temáticas relacionadas à pandemia nas comunidades periféricas da capital de Alagoas, foi um dos selecionados e transmitidos durante a 11ª Sessão do Fórum Urbano Mundial (WUF), realizado na Polônia. O evento conta com mais de 21 mil inscritos de 173 países.
Lançado ainda em 2020, o curta-metragem levou os registros cotidianos da pandemia de Covid-19 nas grotas de Maceió para o maior fórum de discussões sobre o futuro das cidades. O filme foi um dos cinco selecionados para a sessão “Covid Cities”, evento que integra a programação de Cinema Urbano e discute questões urbanas e habitacionais por meio do audiovisual. O Visão das Grotas já venceu dois prêmios nas categorias “Melhor Performance” e “Júri Popular” da Mostra Sururu de Cinema Alagoano, a maior do estado.
“Sabia, desde a produção do filme, que ele iria alcançar vários voos, mas não imaginava que seriam tão altos assim. Esses resultados são muito significantes para o povo periférico. Antes do Visão, eu era apenas espectadora. A partir dele, tomei gosto pela coisa e, como graduanda, consegui levar a experiência audiovisual para dentro das salas de aula. Espero continuar com esse desejo de provocar transformações a partir do cinema”, compartilha a jovem Ewerlyn Marília, integrante da equipe do Visão das Grotas.
Fruto de um projeto emergencial financiado pelo ONU-Habitat em parceria com o Governo de Alagoas, o curta veio ao ar após uma série de oficinas de comunicação popular realizadas remotamente com os jovens participantes e mediadas por outro grupo, composto por mobilizadores, comunicadores sociais e tutores. A analista de Programas do ONU-Habitat, Paula Zacarias, destaca que a participação do filme no WUF posiciona o documentário num cenário internacional de projeção e visibilidade, ampliando o diálogo com filmes de outros contextos urbanos.
“O curta contribui para o debate sobre como as cidades e as comunidades periféricas enfrentaram e têm enfrentado a pandemia, levando para a tela pautas não só sobre o impacto da Covid-19, mas outras geradas por desigualdades estruturais do ponto de vista socioeconômico, territorial, de gênero, raça, entre outras interseções. O filme coloca uma lente muito sensível e humana sobre esses pontos e faz isso a partir da perspectiva de uma geração decisiva para a construção de cidades melhores”, ressalta a analista.
Para a alagoana Letícia Santana, é muito importante que jovens pretos da periferia desenvolvam a autonomia de narrar suas próprias trajetórias. “É importante que a gente tenha o registro delas para que, em época nenhuma vivamos o apagamento dessas narrativas. As histórias precisam ser contadas e precisam ser contadas por quem as vive”, diz ela.
Para saber mais e assistir ao curta, basta acessar: https://bit.ly/curtavisaodasgrotas
Agência Alagoas