No início do século XX, mais precisamente em 15 de novembro de 1910, Maceió avançava significativamente em sua arte e cultura ao receber o teatro que se tornaria um dos mais importantes do Brasil: o Deodoro. No Centro, coração da capital alagoana, o prédio, em plena atividade, chama a atenção por sua beleza, imponência, grandiosidade e representatividade artística, cultural, histórica e arquitetônica.
“Uma casa repleta de emoções, tem muita magia e encanto. Não é só a questão arquitetônica, no palco italiano, mas de tudo que essa casa descerra de emoções nessas paredes e de história”, observa a bailarina, mestra em balé, Eliana Cavalcanti.
Ao chegar à Praça Deodoro, o prédio se destaca e encanta a cada olhar pela riqueza de detalhes. Do lado de fora, vem a admiração pela arquitetura; na parte superior do edifício, existem atributos das artes, pequenos templos, estátuas representando a história, a filosofia, a deusa, a música. No topo, a imagem de Apollo, uma das principais divindades da mitologia greco-romana. A fachada, que praticamente carrega um palco com seus apetrechos, é um espetáculo.
“Essa é a casa dos sonhos, onde tudo é possível, no processo imaginário e criativo, um compartilhamento, o ser humano não pode viver sem a arte, é impossível. Ele as criou, alimenta a arte e é alimentado por ela. Essa casa significa tudo pra mim profissionalmente”, revelou o ator Chico de Assis, sobre o Deodoro.
Dentro da sala de apresentações, as pinturas no teto, o luxo do lustre, o vermelho da cortina, os detalhes das frisas são de encher os olhos. No salão nobre, a decoração, feita por Oreste Sercelli, e os móveis antigos atraem os visitantes. No foyer, várias placas eternizam grandes nomes recebidos e momentos vividos aqui. O café, que homenageia Linda Mascarenhas, maior referência do teatro alagoano, é mais um ponto de encontro repleto de charme e magia.
“Esse palco do teatro Deodoro é a minha casa, minha vida, meu andar, tudo tem uma parte desse teatro. Aqui, eu tenho pessoas amigas, aqui mora o meu coração”, declarou o músico, patrimônio vivo de Alagoas, Chau do Pife.
O lugar guarda muitos e importantes capítulos da história, não só da arte e da cultura, como também da sociedade alagoana. O Teatro Deodoro, palco administrado pela Diretoria de Teatros do Estado de Alagoas (Diteal), possui, ainda, dois anexos: o Teatro de Arena Sérgio Cardoso e o Complexo Cultural Teatro Deodoro.
“Essa casa tem uma possibilidade, ela abrigou não apenas espetáculos de teatro, de dança… tem uma história voltada também para a construção da cidadania”, afirmou o ator e professor, Otávio Cabral.
O nome Deodoro tem origem no nome grego Theódoros, formado pela junção das palavras théos, que significa “Deus” e dôron, que quer dizer “dom” ou “dádiva”. Ou seja, dávida de Deus. E é isso que esse espaço representa. Muito mais do que um cartão postal. Entre os artistas, este teatro é um lugar sagrado, um templo, um senhor, uma divindade. Para o público, emoção, alegria, reflexão, aprendizado. Para o Estado de Alagoas, um patrimônio cultural, devidamente reconhecido. A casa, que é referência entre os teatros históricos do Brasil e do mundo, chega a mais um marco: 111 anos de existência.
“É sempre uma grande emoção celebrar o aniversário de 111 anos do Teatro Deodoro. Depois de tudo que passamos com a pandemia, a emoção é ainda maior. O Teatro Deodoro é um lugar simbólico em vários aspectos para Alagoas. Este ano, temos a imensa alegria de convidar a comunidade artística e o público para uma comemoração presencial, com a nossa produção cultural e os cuidados necessários que o momento exige”, afirmou a diretora presidente da Diteal, Sheila Maluf.
A programação, que comemora os 111 anos da casa, vai de 15 a 21 deste mês com espetáculos de teatro, dança e música, oficinas, feiras, exposições, lançamento de documentário, entre outras atividades, na Praça Deodoro, no palco e no Complexo Cultural Teatro Deodoro (confira a programação completa abaixo).
“Celebrar os 111 anos de fundação do nosso Teatro Deodoro, através de uma programação diversa, agregadora e representativa, reunindo tantos artistas e estilos, democraticamente, fortalece a todos, e reitera o compromisso da Diteal em conduzir, por meio de ações concretas, em busca de sua missão maior, o fomento das artes e a determinação de colocá-las em cena permanentemente”, pontuou o gerente artístico e cultural da Diteal, Alexandre Holanda.
Agência Alagoas